On The Road
Aparentemente, ainda há filmes de “grupo” onde atores, técnicos e equipe de cinema compartilham uma coisa por semanas e depois partem para lugares diferentes, sabendo que terão que fazer isso enquanto cantam todas as noites ao redor de um fogo.

Por estar perto de Kristen e Garrett por algumas horas, você pode ver a proximidade de imediato: a amizade deles definitivamente vem de sua filmagem/aventura. Eles podem até ser jovens (21 e 26), mas esses dois viveram e, não importa o quão bonitos eles são, eles não são bobos. Honestamente, nós adoramos criticar, mas aqui nós vamos ter que abaixar a guarda. Se suas filmografias não jogam a seus favores (Twilight pela Kristen e Tron por Garrett), eles abordaram essa adaptação com tanta intensidade e inteligência que você pode ver isso nessa entrevista. A maneira que eles ouviram seus personagens e como eles os retrataram com precisão é confirmado para nós pelos produtores e pela biografia do escritor que estava trabalhando como consultor do filme.

Eles estão felizes por se verem outra vez, Kristen e Garrett, é tão óbvio. Eles levaram alegria em posar juntos, apertados um contra o outro em um velho Chevrolet lavado, que foi usado como suporte para a sessão de fotos. Deitados, sentados ao volante, arrastando-se na caminhonete, espalhados sobre o capô…

Eles riem e implicam um com o outro durante os intervalos, acendem cigarros. Depois da sessão: entrevista de duas vozes. Kristen, de camisa branca e short Levis’501 desbotado, monta em um banco parecendo natural, apesar de ter seus olhos um pouco escuros por causa das fotos. O doce Garrett, que parece muito legal, senta-se no sofá em frente e abre sua primeira lata de Coca-Cola do dia. Depois de muita champanhe durante a sessão de fotos (o assistente realmente lhe ensinou como servir champanhe como um cavaleiro, o que fez o ator rir: (“Isso é como uma mulher, você tem que pegar a garrafa pelo gargalo”).

O ritmo continua.


Eles realmente queriam fazer esse filme.

Kristen: “Eu li “On The Road” quando eu tinha 14 anos. Esse foi o primeiro livro que me fez querer ler. Dois anos depois, recebi o roteiro e me encontrei com Walter. Às vezes você conhece pessoas e percebe que quer fazer o trabalho pelas mesmas razões que elas. Qualquer que seja a conversa que nós estávamos tendo, nós compartilhávamos a mesma animação, ele e eu sentíamos a mesma energia. Quando eu fui embora, percebi que tinha conseguido o papel e pulei em todos os lugares!”

Garrett: “É, você dançou no nosso jantar por isso.”

Kristen: “O quê? Ah, certo, eu era muito jovem.”

LuAnne Anderson, a Marylou de verdade, era jovem também. Casou aos 15 anos com Neal Cassady, o Dean Moriarty de verdade. Garrett tinha 22 quando soube que iria interpretar o melhor companheiro e cúmplice de Kerouac, quem ele disse que ajudou a abrir os olhos quando ainda era adolescente e que a leitura do livro o ajudou a deixar Minnesota. No set, ele completou seu 26º aniversário. Pelos 4 anos de espera antes do orçamento ser finalizado, a vontade dos atores nunca diminuiu. “A persistência de Walter Salles foi notável. Ele preparou o projeto enquanto filmava um documentário: “Na verdade, ele já tinha começado o filme antes da luz verde ser dada” conta Garrett. “Com Walter e uma equipe de 50 pessoas, fizemos uma viagem de NY para LA. Tivemos que parar 9 vezes por problemas com carro, mas nós fizemos isso.” Chile, Argentina, Nova Orleans, Arizona, Cidade do México, Montreal, São Francisco. A viagem feita por causa do filme forçou todos viverem como ciganos por vários meses. Os três atores principais tiveram que fazer a mesma jornada, sem confortos ou frescura (seus agentes e Relações Públicas não estavam presentes, o que é bem raro nos EUA).

Garrett: “Nós contamos uns com os outros. Nós fomos como uma família por 6 meses. É um tipo de sentimento que você costuma ter nessa linha de trabalho, exceto naquele mês que você se encontra com uma família completamente diferente. Mas um sentimento de pertencimento tão forte, não acontece sempre. Nesse filme, isso foi realmente especial.”

Kristen segue: “Todo mundo que trabalhou nesse filme me disse o mesmo, é raro fazer parte desse tipo de experiência. Se eu não fosse parte disso eu teria ficado com inveja!”
Para fortalecer a solidariedade, o produtor organizou uma excursão beatnik antes das filmagens: um mês submergidos na cultura da geração beat com leituras e filmes (todos os filmes de Cassavetes!). Foi uma experiência prévia comum que ajudou Kristen a se familiarizar com sua personagem. “Eu tive a oportunidade de ouvir a horas de gravação de LuAnne falando sobre aquele período de tempo, ouvindo sua voz se iluminar quando ela falava sobre o jeito que ela dançava. Nós sabíamos tantos detalhes sobre as verdadeiras pessoas nos livros, sobre suas vidas, que nos ajudou a interpretar cenas difíceis. Eles estavam com a gente.”

Festa do nu
Essa garota com uma personalidade forte e com um impressionante apelo sexual, que entrou a bordo em um Hudson de 1949 ao lado de dois amigos, foi para Kristen um papel feminino bem raro, seja na literatura da época ou no cinema de hoje. LuAnne se apaixonou com 14 anos pelo confuso e sedutor Cassady. “Provavelmente algo despertou nela graças a ele,” explica a atriz, enquanto se contorcia em sua cadeira. “Nada do que ela fez foi marcado pelo medo. Ela era um ser que se libertou da inibição, ela não era alguém cheia de medo. Seus olhos estão bem abertos quando se trata da vida, sem julgamentos, ela é capaz de achar a beleza em todos nós. Eu a invejo. Ela explode constantemente, ela quer que todos se sintam bem o tempo todo.” Uma garota sem tabus, que está dividida entre os dois amigos.

Garrett comenta: “Ela entendia que a inveja não tinha significado nenhum. Ela sabia que seu homem estava dormindo com várias pessoas e que a personalidade dele o fazia querer tocar todo mundo.”

Kristen: “Ela também não se envergonhava de dormir com todos os amigos dele”, Kristen continua. A promiscuidade erótica na versão não censurada do livro (o manuscrito original publicado em 2007) deveria estar no filme também. De qualquer forma, o filme contém algumas cenas quentes, para além de uma atmosfera de festa e excitação permanente, tudo reforçado por drogas e álcool. On the road é desenfreado como a vida do trio deve ter sido. O trio que iniciou a liberdade hippie dos anos 70 com uma ou duas décadas de antecedência. Para os atores, sexo e drogas eram parte do contrato desde o início das filmagens, mas é difícil entrar em detalhes sobre como eles viverem isso pessoalmente no set. “Nós sentíamos muito amor pelos nossos personagens e nós queríamos que as pessoas os amassem tanto quanto nós,” ambos recordam. Nós acreditamos no entusiasmo deles. Mesmo a história se passando nos anos 50, o filme é atemporal com seus heróis que todos podem se identificar, começando pelos atores. Ambos confessam terem sido completamente conquistados pelo espírito de viajar de carro, a sede pela liberdade, a procura por “aquilo”. Eles ainda aprenderam uma lição filosófica com isso: “Quando você sai da escola, você sente como se tudo que você quer fazer está ao alcance das suas mãos. Mas quando a vida te desaponta um pouco, você pensa em um trabalho, você precisa ser bom. Ao invés de correr para a conquista da sua vida, você é desacelerado pela vida e você acaba perdendo seus sonhos.”

Kristen, do topo de seu status como uma atriz que trabalha desde a adolescência, também não queria perder seu brilho. “Eu amaria ser tão animada quanto esses caras eram. Eu amaria ser assim todos os dias. Não tem nada a ver com a idade.” Nós terminamos falando sobre o fim das filmagens do filme, sobre a desilusão e a separação. Garrett não pode estar presente na festa de encerramento por causa de outras obrigações (eles estará no próximo filme dos irmãos Cohen, Inside Llewyn Davis, que será filmado em breve em NY.)

“Você nem assinou meu exemplar de On the road” reprova Kristen, que também terá outros personagens enquanto interpreta Branca de Neve, ao lado de Charlize Theron, e depois irá encontrar de novo com Bella (e Robert Pattinson) para Breaking Dawn Part 2. “Foi difícil, eu senti como se estivesse voltando para a escola,” ela confessa.

É como o final das férias de verão.

Fonte l Tradução: Clara e Marina – Equipe Kristen Stewart Brasil